Um tema em destaque esta manhã na conferência Cisco Public Services Summit, em Estocolmo, foi a forma como o mundo se está a tornar “mais complexo” e como está a mudar de forma imprevisível. Mas o que essas afirmação significam realmente, para além de querem dizer que já não é possível fazer de conta que se controla?
Isso é complexidade: a noção de que a “ordem” (um padrão) pode resultar da interação em vez de ter origem num plano deliberado. Os termos que usamos para descrever o mundo em mudança em que vivemos (a web 2.0, a ligação permanente, a globalização, etc.) são padrões que emergiram da interacção de milhões de pessoas que criaram em conjunto o seu (e o nosso) futuro através das suas acções e decisões.
Levar a sério a complexidade chama a nossa atenção para a forma como somos interdependentes uns dos outros neste processo de criar em conjunto o futuro. Por um lado, essa ideia tem uma conotação positiva: todos têm uma voz no processo. Mas, por outro lado, esta noção também suscita a ansiedade de não estar “a controlar”.
É difícil para qualquer gestor, no sector público ou privado, reconhecer que ele ou ela não está a controlar o que acontece na sua organização quando, no fim do dia, continua a ser responsável pelos resultados. Acredito que esta tensão, este paradoxo, de ser responsável sem poder controlar, é o que torna mais difícil enfrentar em pleno este mundo complexo, interdependente e ligado.
A própria democracia torna-se profundamente imprevisível, ao evoluir do modelo tradicional em que os cidadãos só têm voz através do voto de 4 em 4 anos para um novo modelo de resposta e interacção constante. Esse é território desconhecido, no qual o que é novo pode surgir mas sem que ninguém controle as consequências dessa novidade. As nossas instituições estão preparadas para esta mudança? A verdade dura é que, preparadas ou não, essa mudança já está a acontecer. A escolha é entre liderar a mudança ou ser vencido por ela...
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