Friedman articula esta ideia de forma original e interpreta um conjunto amplo de sinais do nosso mundo, identificando 10 acontecimentos que estão a “tornar o mundo plano”: A queda do muro de Berlim (09/11/1989); o dia em que a Netscape entrou na bolsa; o aparecimento do software de sistematização de fluxos de trabalho que permite dividir, distribuir e reagrupar tarefas intelectuais; o desenvolvimento do software open-source; o outsourcing dos trabalhos necessários para a correcção do “bug” do ano 2000; o offshoring com a deslocalização da produção; a maior eficiência das cadeias de aprovisionamento; o insourcing que permite a pequenas empresas a oferta de um serviço global; o in-forming com a utilização da pesquisa online no na nossa vida quotidiana; e, por último, o acesso portátil a todos estes recursos através de PDAs e telemóveis que tornam possível o acesso ao mundo a qualquer momento e em qualquer lugar, de forma pessoal, digital e individual.
Será mesmo assim tão evidente? Tenho dúvidas. Os que partiram à frente nesta corrida, continuam à frente, embora as hipóteses pareçam mais risonhas para aqueles, como nós, que partem com atraso. Mas esteja mais ou menos plano, o mundo hoje está diferente e é verdade que qualquer pessoa pode comprar ou vender bens de ou para qualquer parte do mundo. Para além disso, qualquer actividade que possa ser digitalizada e dividida pode ser feita em qualquer parte do mundo, o que permite que profissionais em qualquer país possam ser competitivos neste mercado de trabalho global. Assim, qualquer país parece poder competir com os “grandes”, desde que desenvolva as competências técnicas, tecnológicas ou científicas necessárias para vingar. Como desenvolver essas competências é o mais difícil, essa é a barreira que impede o mundo de ser verdadeiramente plano.