Tuesday, April 14, 2009

As armadilhas da crise

(Artigo publicado hoje no Diário Económico)
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As dificuldades da conjuntura económica estão a obrigar muitos gestores a tomar decisões difíceis. Têm que encontrar oportunidades de negócio, avaliar retornos e responder permanentemente a um mundo que oscila de forma imprevisível e incontrolável... As pressões do mercado, dos accionistas e dos bancos obrigam quem tem responsabilidades de gestão a tentar, em simultâneo, aumentar a produtividade e promover a inovação. É preciso reduzir custos e encontrar novas fontes de receitas. Mas, se os objectivos são óbvios, a forma de os alcançar pode esconder muitas armadilhas. Ler o artigo completo...

Wednesday, March 11, 2009

Contrariar o "bom-senso"

(Artigo publicado hoje no Diário Económico)
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Quem não arrisca, limitando-se a repetir fórmulas testadas, está condenado ao fracasso. Foi este o aviso que Kjell Nordström deixou aos gestores numa conferência recente em Lisboa. Professor na Stockholm School of Economics e co-autor de livros como "Funky Business" e "Karaoke Capitalism", Nordström é um provocador profissional, um feroz crítico da "normalidade" que é capaz de expressar com clareza uma ideia evidente: se todos tentam repetir os mesmo casos de sucesso, a nossa economia torna-se num ‘karaoke' desafinado, onde as mesmas ideias são repetidas até à exaustão como se não fosse possível fazer outra coisa. Ler o artigo completo...

Tuesday, January 20, 2009

Pequenos detalhes fundamentais

(Artigo publicado hoje no Diário Económico)
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Perceber o que conduz ao sucesso é fundamental. Malcom Gladwell procurou fazer precisamente isso com o seu livro "Outliers", publicado no fim de 2008 e já com versão portuguesa. O que leva algumas pessoas a erguer-se acima da multidão?
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Wednesday, December 17, 2008

Mundos tão reais como o nosso

Estive recentemente numa conferência onde ouvi John Seely Brown (antigo “chief scientist” da Xerox Corporation) argumentar sobre a importância que os jogos podem ter para o desenvolvimento das capacidades das pessoas na gestão de tarefas complexas e do trabalho em grupo. Ele usou o World of Warcraft como exemplo da forma como os jogos online podem ajudar a desenvolver essas competências. Bem... Eu próprio jogo WoW e gasto (talvez) tempo demais a seguir feeds RSS e de Twitter, mas a forma como estamos a começar a “respirar” tecnologia deixa-me um sentimento desconfortável. Um mundo no qual seja impossível distinguir o real do virtual parece estar ao nosso alcance. Até a ligação directa do cérebro a máquinas está mais avançada do que se imaginaria possível. Estarão a aproximar-se os pesadelos do The Matrix ou do eXistenZ ou sou eu que tenho visto ficção científica a mais? Veja este vídeo. Deixou-me a pensar...

Monday, December 15, 2008

Como peças de dominó...

Na sexta-feira à noite pudemos assistir a um momento único de fusão de meios de comunicação e difusão viral. Os Contemporâneos (que estão a ganhar pontos e a aproveitar o momento menos inspirado dos Gatos) tiveram um rasgo de criatividade com uma paródia às músicas de solidariedade natalícias. “Salvem os ricos”: humor corrosivo, bons convidados, boas imitações e um tema actual. Poucos minutos depois, o vídeo estava no YouTube, com direito a links no Twitter, muitos posts em blogs e destaque na homepage do site do Bloco de Esquerda. Hoje, na última página do Público, apareceu a cereja em cima do bolo com a crónica de Rui Tavares. Num par de dias, os Contemporâneos e o seu sketch chegaram praticamente a toda a gente. Se é dos poucos que ainda não o viu, vale a pena vê-lo aqui enquanto nos conseguimos rir com a crise:



Mas a história será assim tão simples como os cartazes do Bloco espalhados por Lisboa nos querem fazer crer? O dinheiro dos nossos impostos está mesmo a servir para “salvar os milionários”? Ou seja, seria preferível ter deixado que os bancos em dificuldades fossem à falência?

A nossa economia respira através do sistema bancário e este vive da confiança. No instante em que metade dos depositantes quisessem levantar o dinheiro das suas contas, todos os bancos, sem excepção, entravam em ruptura e a maior parte das pessoas perderia o seu dinheiro. Todos os agentes financeiros dependem uns dos outros porque quando a confiança se rompe é todo o sistema que se desmorona... Sem depósitos, os bancos não têm dinheiro para emprestar, sem esse dinheiro não há consumo nem investimento, as bolsas afundam-se, as empresas e as famílias não compram. Sem consumo as empresas fecham e despedem os trabalhadores, reforçando o efeito num ciclo vicioso. Foi assim que aconteceu nos anos 30 e é assim que uma crise abstracta da alta finança se torna num problema para nós todos. É isso que o governo devia deixar acontecer?

Outro facto que fica esquecido é que, por enquanto, o dinheiro dos nossos impostos não foi para lado nenhum. Se tivesse ido, o défice orçamental de 2008 tinha disparado em vez de se manter nos 2,2% do PIB. Até agora, o que o Estado deu foram avais e garantias, ou seja, o Estado assumiu que, se os bancos não puderem pagar uns aos outros, o Estado paga. Mesmo a indemnização pela nacionalização do BPN depende da responsabilidade de quem o geria. Só num cenário catastrófico é que o Estado terá que transformar garantias em dinheiro e, mesmo assim, fica com direito aos activos dos incumpridores, como o edifício do BPP que serve de garantia real ao aval do Tesouro. O que esta intervenção dá aos bancos é confiança, não é dinheiro...

Claro que esta é uma ocasião fabulosa para a boa inspiração humorística e para o mau oportunismo político. Também é uma boa altura para não ficarmos satisfeitos com uma análise superficial do que está a acontecer. Este vídeo que encontrei no blog de um amigo não nos deixa a rir mas explica muito bem o problema. Agora só temos que esperar que aquilo que os governos por esse mundo fora estão a fazer seja suficiente para não cairmos todos como peças de dominó...

Tuesday, December 9, 2008

Complexidade e "Governo 2.0"

(Artigo publicado originalmente aqui)

Um tema em destaque esta manhã na conferência Cisco Public Services Summit, em Estocolmo, foi a forma como o mundo se está a tornar “mais complexo” e como está a mudar de forma imprevisível. Mas o que essas afirmação significam realmente, para além de querem dizer que já não é possível fazer de conta que se controla?

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Durante o almoço, uma pessoa ao meu lado contava como há 10 anos ninguém acreditaria se ele previsse que, hoje, a sua filha de 6 anos fosse capaz de lhe ditar um endereço web, pedindo-lhe para aceder a um site para vestir a sua boneca online. Isso quer dizer, continuou ele, que podemos imaginar qualquer coisa sobre o que vai acontecer dentro de 10 anos porque ninguém faz a menor ideia do que realmente acontecerá.

Isso é complexidade: a noção de que a “ordem” (um padrão) pode resultar da interação em vez de ter origem num plano deliberado. Os termos que usamos para descrever o mundo em mudança em que vivemos (a web 2.0, a ligação permanente, a globalização, etc.) são padrões que emergiram da interacção de milhões de pessoas que criaram em conjunto o seu (e o nosso) futuro através das suas acções e decisões.

Levar a sério a complexidade chama a nossa atenção para a forma como somos interdependentes uns dos outros neste processo de criar em conjunto o futuro. Por um lado, essa ideia tem uma conotação positiva: todos têm uma voz no processo. Mas, por outro lado, esta noção também suscita a ansiedade de não estar “a controlar”.

É difícil para qualquer gestor, no sector público ou privado, reconhecer que ele ou ela não está a controlar o que acontece na sua organização quando, no fim do dia, continua a ser responsável pelos resultados. Acredito que esta tensão, este paradoxo, de ser responsável sem poder controlar, é o que torna mais difícil enfrentar em pleno este mundo complexo, interdependente e ligado.

A própria democracia torna-se profundamente imprevisível, ao evoluir do modelo tradicional em que os cidadãos só têm voz através do voto de 4 em 4 anos para um novo modelo de resposta e interacção constante. Esse é território desconhecido, no qual o que é novo pode surgir mas sem que ninguém controle as consequências dessa novidade. As nossas instituições estão preparadas para esta mudança? A verdade dura é que, preparadas ou não, essa mudança já está a acontecer. A escolha é entre liderar a mudança ou ser vencido por ela...

Wednesday, December 3, 2008

Os seguidores improváveis de Obama

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Não foi certamente por acaso que Jerónimo de Sousa repetiu várias vezes este fim de semana a expressão "sim, é possível" no congresso do PCP. Também não é por acaso que Pedro Passos Coelho está a usar na sua plataforma Construir Ideias as mesmas ferramentas de comunidade web que a campanha de Obama usou (incluindo até o Twitter).

Mas o contributo de Obama para a reinvenção da política não se reduz a expressões mobilizadoras nem a ferramentas online. Penso que o mais importante do caminho que o levou à Casa Branca é a simplicidade e autenticidade do que diz, rompendo com a retórica herdada do parlamentarismo do Século XIX. Foi com esse discurso novo que lhe deu a vitória ao conquistar o entusiasmo e o votos dos “nativos digitais”, jovens adultos informados e habitados a distinguir entre informação verdadeira e tretas.

Pode não ter sido o momento mais importante da campanha, mas vale a pena ver o email que reproduzo abaixo. Foi enviado pela campanha de Obama a todos os que estavam registados no seu site a 25 de Setembro. Em 145 palavras, conseguiu explicar porque era crucial manter o debate com McCain apesar da crise financeira. Frases curtas, simples, directas e com verdade. Essa é lição mais importante que se pode aprender com Obama.

From: info@barackobama.com
Subject: VIDEO: Barack's latest remarks about the economy

This morning Barack called John McCain to suggest a joint statement of principles that would help Congress resolve the immediate financial crisis.

Then John McCain went on television and said he was suspending his campaign and that Friday's presidential debate should be postponed.

Barack spoke about the crisis and took questions from reporters a few hours ago.

He also made it clear that -- with only 40 days left for the American people to decide who will be responsible for leading our economic future -- it is more important than ever that the scheduled debate takes place.

Please take a minute to watch the video of Barack's press conference and share it with your friends:

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http://my.barackobama.com/latestremarks

This is an important time, and we have to keep this campaign focused on the crucial issues.

Thank you,

David

David Plouffe
Campaign Manager
Obama for America